Um avivamento para o Brasil

“Nós havemos de nobremente salvar ou ignobilmente perder a última e melhor esperança da terra.” São palavras do grande Abrahão Lincoln, com significação tremenda para nós hoje. Estamos na encruzilhada do caminho, quando a direção que tomarmos afetará todo o futuro até à vinda de Jesus. Uma página da história está terminando e outra começa a ser escrita. Quem despreza o dia das cousas pequenas? Se é triste desprezar o dia das cousas pequenas, quanto mais triste é negligenciar o dia de cousas grandes!

A causa de Cristo exige hoje dos cristãos uma devoção mais leal, uma abnegação mais corajosa e um sacrifício maior do que o mundo jamais conheceu. Não podemos discutir o preço diante dos sacrifícios necessários. A HORA requer tudo que há em nós: as energias físicas e intelectuais, um amor sem limite, uma abnegação que não pergunta onde ou como, uma prontidão que não olha para trás. Alguém disse: “Dai-me dez homens que nada odeiam senão o pecado; que nada temam senão a Deus; que nada busquem senão almas perdidas, e eu porei o mundo em chamas.”

Depois de estudarmos os movimentos e as crises morais na vida das nações, não encontramos outra cousa que transforme e purifique, que tenha maior influência sobre o moral de um povo do que um avivamento. Lecky, em sua “History of MoraIs”, conta-nos da experiência de Wesley que lutou com Deus e venceu, a 24 de maio de 1738. Diz o historiador: “O que aconteceu naquela sala tinha mais importância para o país do que todas as vitórias de Pitt.” Bênçãos espirituais se estendem não somente à terceira e à quarta geração, mas até à vigésima quarta. O avivamento começado em Herrnhut, Alemanha, salvou o cristianismo dos dogmas frios e deu vida e espiritualidade à religião formalista da época.

Chegamos ao tempo mais oportuno na história da humanidade. Estamos ao pé duma crise mundial, uma transição em todo o pensamento humano, uma transformação nos ideais, uma encruzilhada do caminho. Há grupos em diversas partes do Brasil que sentem um anseio profundo por um avivamento. Certamente o Espírito Santo implantou este desejo. É uma hora propícia. Esta bênção agora seria uma glória para o cristianismo verdadeiro; purificaria a sociedade, deixaria um caminho luminoso para gerações. Nunca houve uma época que precisasse tanto desta graça como a atua. Agora o momento propício para impressionar a sociedade e os homens em toda a parte com o valor das sublimes verdades de Cristo e dar uma demonstração do que seja o cristianismo puro e verdadeiro.

O que é um avivamento?

“É o Espírito de Deus controlando as vidas que Lhe são entregues“, disse Goforth. “É o Espírito de Deus dimanando da alma regenerada do homem”, afirmou outro. É aquela manifestação do poder e glória de Deus na vida dos salvos. É a água da vida jorrando e transbordando de corações remidos e mitigando a sede das multidões ao redor.

É possível ao homem cooperar com Deus nesta vitória?

O grande Finney, que Deus usou de modo maravilhoso para despertar a América do Norte, quando calcularam que 500.000 almas foram salvas, disse que qualquer igreja ou povo pode ter um avivamento, uma vez que pague o preço necessário. Escreveu ele:

“Um avivamento é simplesmente o resultado de usar corretamente os meios autorizados. Não é milagre nem depende de milagres. Há uma ideia comum que o campo da religião tem nisto algo de mistério e que não deve ser julgado pelas regras de causa e efeito como outros fenômenos. Não há doutrina mais perigosa do que esta para a prosperidade da igreja. Suponhamos que alguém pregasse tal ideia entre os fazendeiros a respeito da plantação. Imaginem se lhes falasse que Deus é soberano e que daria a ceifa se Ele quisesse e que seria pecado da parte do semeador se plantasse e trabalhasse com a esperança de colher. Se o fazendeiro acreditasse em tal cousa, morreria de fome. Será o mesmo resultado se as igrejas tiverem a ideia de que o êxito no campo espiritual é simplesmente um mistério em que não há ligação natural entre os meios e o resultado. Eu acredito firmemente que, quando seguimos fielmente a orientação dada, as bênçãos espirituais são conseguidas com mais certeza do que no campo das cousas materiais.“

Quando Jonatas Goforth, na China, leu esta afirmação do grande Finney, disse: “As leis espirituais que governam uma ceifa espiritual são reais e verdadeiras como as leis que governam as colheitas do reino material. Se Finney está certo, e eu acredito que o esteja, vou procurar entender estas leis espirituais e obedecê-Ias custe o que custar.” O grande Canadense começou a examinar as Escrituras com intensidade, marcando todas as passagens sobre o Espírito Santo. Finalmente a vitória veio. Após triunfos maravilhosos, escreveu: “Nosso estudo da Palavra de Deus leva-nos a pensar que o Espírito Santo não quer demorar um só dia para dar-nos a vinda. Quando não recebemos a plenitude de Deus, podemos ficar certos que é devido à nossa falta de fé e obediência. A ceifa vem sempre quando os homens se entregam inteiramente a Ele. Só o pecado da não submissão pode impedir a Sua vinda.“

Será ousadia pedir isto a Deus?

Foi presunção Moisés ter suplicado em agonia por Israel: “perdoa o seu pecado, senão risca-me, peço-te, do teu Livro?” Será que Deus não gostou quando o bom rei Asa mandou que os judeus “buscassem ao Senhor Deus de seus pais e observassem a lei e o mandamento?” Será que o Senhor não aprovou quando Josafá “buscou ao Deus de seu pai, e andou nos seus mandamentos… e ensinou em Judá o livro da lei de Jeová?” Não foram agradáveis a Ele as reformas de Joás, de Uzias e as mensagens de Isaías? Porventura não estava Ele com João Batista quando este chamava a Pátria a preparar o caminho para um dia melhor? Não mandou: “Aplanai, aplanai a estrada, preparai o caminho: tirai os tropeços do caminho do meu povo?”

Há dúvida de que Deus queira esta bênção para nós?

Eis o cenário que se nos apresenta e toca o nosso coração: um Deus de amor, de infinita bondade, de compaixão, um Deus de pureza, de santidade, e um mundo egoísta, ferido, quebrantado, jazendo em trevas! Um tipo de cristianismo incapaz de resolver os problemas do dia; igrejas frias; cristãos carnais, vivendo longe do padrão que o Mestre apontou para suas vidas; uma época de grandiosas oportunidades e tremendas responsabilidades. Temos, portanto, de achar um remédio para tão horripilante mal.

Um Pai amoroso e santo almeja a redenção da humanidade e necessita da cooperação dos cristãos nesse grande empreendimento. Ele quer que a Sua vontade santa e pura seja feita; quer vidas inteiramente entregues a Ele; quer maior demonstração do Seu poder na terra; quer a revelação da Sua glória no mundo; deseja também ter a preeminência em todas as cousas; quer que Seu Santo Espírito domine o coração e dirija a vida dos crentes; insiste em que sejamos crentes poderosos nas suas mãos, vitoriosos sobre o pecado, úteis no Reino, abundantes na graça, triunfantes na Sua força. Por isso e por tudo o mas deseja um avivamento.

Qual a nossa esperança? Um cristianismo digno desse nome! Uma civilização verdadeiramente cristã. Jesus entronizado no lar, nos negócios e na sociedade; igreja poderosas, vidas que não meçam sacrifício para a causa. Por isso é indispensável um avivamento.

Que é que o homem pode fazer para cooperar com Deus neste triunfo espiritual?

1) Ter fé

O primeiro passo para a vitória é crer na sua possibilidade, no poder de Deus para concedê-la. Nada é impossível àquele que crê. Temos de reconhecer primeiro o que é a vontade de Deus como está revelada na Sua Palavra, fazendo um estudo neste sentido. Diz um escritor: “O característico da fé é confiar em Deus, não só nas dificuldades, mas também nas impossibilidades aos olhos humanos. A fé não se preocupa com os meios que se hão de empregar, nem com a falta deles. Conta com a promessa de Deus. A fé refere-se à vontade de Deus, e só a ela; assim não se preocupa com os meios a serem empregados, sejam fáceis ou difíceis. A fé não consulta nem a carne nem o sangue. É exatamente quando as coisas a fazer estão além da sabedoria e das forças humanas que há mais lugar para a fé, pois há claramente necessidade de energias e poder do Espírito Santo.”

2) Orar.

Depois de estudar durante quinze anos os movimentos religiosos é impressionante observar que nunca houve grandes bênçãos nas cousas espirituais sem muita oração. Assim como cada ser que nasce neste mundo representa uma mãe que agonizou por ele, cada triunfo no reino espiritual representa alguém que agonizou por ele.

Oração fervorosa, perseverante e sincera é a única maneira de conseguir a vitória. Até a fé na sua possibilidade pode ser alcançada por este meio. Alguém disse: “Avivamento é uma bênção que pode começar somente por meio de oração. Alguém tem de esperar em Deus. Ele quer ser procurado. Tem de haver corações que sintam a pobreza de sua experiência espiritual, que vejam a tremenda necessidade, compreendam seu segredo e roguem a Senhor em multiplicadas súplicas, em gemidos do Espírito que não podem ser expressos em palavras”.

3) Obedecer

Obediência absoluta à Bíblia Sagrada e à Voz do Espírito é necessária. A vitória não vem por força nem por violência, mas pelo Espírito. E o Espírito não pode agir onde há uma atitude rebelde. No momento em que recusamos seguir a Sua orientação, ali acaba-se a visão, abafa-se a Voz, desaparece o gozo de sentir a Sua presença e ficamos sem direção.

4) Santificação de Vida

É claro que somente vidas puras e consagradas podem ser os instrumentos que Deus usa num avivamento. Ele espera e precisa da cooperação do homem, mas têm de ser canais próprios e consagrados, pelos quais possa derramar suas bênçãos e graça sobre o mundo. Como nenhum ministro sábio entrega serviço espiritual às mãos de homens indignos, também é incrível que Deus, justo e santo, faça tal cousa.

Evan Roberts, usado de modo maravilhoso no avivamento de Gales, deu as seguintes regras para um avivamento:

1. Há qualquer pecado no vosso passado, que não tendes confessado a Deus? De joelhos, já! Vosso passado tem de ser endireitado.
2. Há qualquer cousa duvidosa em vossa vida presente … uma cousa na qual estais em dúvida se é direita ou não? Separai-vos dela. Não deveis ter nenhuma nuvem entre vós e Deus. Já perdoastes a todos? Se há falta de perdão aos outros, não espereis perdão, porque não o recebereis.
3. Fazei o que o Espírito ordena, sem tardança. Obediência ao Espírito Santo, imediata, exata e sem questão. Melhor é ofender a dez mil amigos do que apagar o Espírito no coração.
4. Confissão pública de Cristo como Salvador. Há uma grande diferença entre professar e confessar.

Jonatas Goforth sugeriu quase a mesma cousa. Deus, por meio dele, operou milagres na China.

1. Oração no Espírito, constante, fazendo jus às condições de oração eficaz.
2. Estudo cuidadoso e espiritual das Escrituras, especialmente sobre o Espírito Santo.
3. Separação de todo pecado, endireitando o passado.
4. Exaltação de Jesus Cristo na vida e na pregação, sendo a honra de Cristo os motivos de tudo.
5. Estudos Bíblicos sobre o Espírito Santo, os avivamentos bíblicos, santificação, oração, arrependimento, etc. O Livro de qualquer despertamento é a Bíblia, o guia perfeito que nos instrui quanto aos métodos e modo de preparar o caminho; quanto à renovação pessoal, o espírito de quebrantamento necessário e como obter poder, dando-nos exemplos de Sua visitação, as doutrinas salientadas nessas épocas, etc. Tudo nas Escrituras apóia e prepara a estrada para essa vitória.

Os instrumentos

Feliz é o despertamento que tem à sua frente aqueles homens escolhidos por Deus para o dirigir na esfera espiritual – os Anjos das Igrejas. Sua liderança, debaixo do Espírito, garante sabedoria mesmo sob a mais forte oposição de Satanás. A simpatia e o entendimento espiritual desses são uma salvaguarda para seu rebanho. Quando as reuniões de oração, estudos bíblicos e tudo mais tem Seu apoio ou direção, a igreja é feliz e erros são evitados. O CANAL natural de despertamentos é a igreja.

É interessante estudar como Deus tem levantado homens e mulheres em diversas partes do mundo, revestindo-os de poder antes da sua visita como Wesley, Finney, Torrey, Evan Roberts e Billy Grahan.

Os nomes mais nobres e gloriosos da história são os associados aos avivamentos do passado. Manifestaram nas suas obras e vidas a glória de Deus. Revelaram o seu poder. Contaram a um mundo frio e incrédulo que Deus ainda pode fazer grandes cousas através de vidas a Ele entregues. Apropriaram-se dos recursos divinos para as obras humanas e viveram acima do orgulho e da ambição – cometas na história do cristianismo; arautos de justiça e reforma, dos quais o mundo não era digno; estrelas para guiar a humanidade em eras escuras; chamas para revigorar igrejas mortas; porta-vozes de novas esperanças; luzes resplandecentes num mundo coberto de trevas; homens e mulheres cuja devoção a Cristo era maior do que o amor a si mesmos. Bem podia dizer Ramsey McDonald, o grande pregador que trouxe um despertamento a Londres: “Spurgeon, devias estar vivo nesta hora. A Inglaterra precisa de ti.” Nosso Brasil precisa agora de chamas vivas! E se de todo te calares neste tempo socorro e livramento doutra parte virá… e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?

Que podem as nossas igrejas fazer para preparar o caminho?

1. A igreja pode tirar qualquer tropeço que atrapalhe a espiritualidade dos membros e a disseminação do evangelho: “Aterrai, aterrai, preparai o caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo.” (Is 57.14.)
2. Pode organizar grupos de oração nos lares ou em qualquer outro lugar, suplicando diariamente a direção de Deus. Estas reuniões devem ser simples, espirituais e de pouca conversa. “Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei cousas grandes e ocultas, que não sabes” (Ir 33.3).
3. Informação aos membros sobre o que se precisa fazer para obter a bênção, procurando espalhar folhetos a todos, explicando o ensino das Escrituras: “Se o meu povo, que se chama pelo meu Nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2 Cr 7.14). Ensinai as seguintes Escrituras: Is 32.15; 11 2.28-32; Is 62.6,7; Hc 3.2; SI 85.6.

“Ora vem, senhor Jesus!”

Vem aos nossos corações frios e aquece-os; que eles saibam melhor amar e orar. Vem aos nossos olhos cegos, que possam enxergar a glória de uma vida unida à Videira verdadeira. Vem às mãos fracas e toca-as com Tua graça; que elas possam mitigar as ânsias do mundo sangrento, levantar a humanidade decaída, suavizar as dores de lares assolados. Vem a estas vidas desanimadas e reveste-as de poder do Alto para que enfrentem os problemas atuais e tenham coragem para combater seus males. Vem colocar brasa viva nestes lábios para encorajá-los a falar convictamente.

Concede-nos, Pai nosso, uma visão significativa de estarmos no Reino para tal tempo como este. Dá-nos fé tamanha, que confiadamente olhemos para ti nos transes mais aflitivos da vida. Vem a esta sociedade profana e ensina-a a repartir justiça entre os necessitados, educação a todos e eqüidade até para o mais humilde. Vem à nossa civilização, purificando-a de tal modo que seus princípios sejam baseados no amor e na pureza. Vivifica a nossa qualidade de Cristianismo que não tem conseguido combater os males do mundo. Dá-lhe vida e poder. Aviva-nos! “Aviva. ó Senhor a tua obra no meio dos anos.”

“Vem, ó, vem, Jesus, Senhor,
Nossas almas despertar!
Com teu puro e santo amor,
Vem, ó, vem, nos inflamar.”